Há muito tempo que
não o vejo. Talvez já tenha morrido. Via-o quase todos os dias quando passeava
o cão pelo jardim. Agora já nem cão nem os passeios são diários.
Porém, lembro-me dele quando por la' passo 'a sombra
protectora dos crescidos pinheiros que o vi plantar e cuidar.
Houve ainda uma vez
que com ele falei. Estava pendurado numa escada colocada de forma perigosa no terreno inclinado e ajudei-o,
segurando-a.
Estava a serrar os
velhos ramos das árvores, limpeza
que a junta de freguesia tinha obrigação de fazer, mas não o fazia.
Tinha esse
amor antigo.
Das suas mãos curtas
e largas, velhas e calejadas as sementes plantadas germinaram e com o passar
dos anos nesse jardim urbano uma pequena floresta cresceu.
Poderia a força já
não ser muita, mas por entre os dedos criou um pequeno mundo isento de medos.
Hoje vejo lá as
rolas a procriar.
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