segunda-feira, 3 de agosto de 2020

o homem dos pinheiros-II




Há muito tempo que não o vejo. Talvez já tenha morrido. Via-o quase todos os dias quando passeava o cão pelo jardim. Agora já nem cão nem os passeios são diários.
Porém,  lembro-me dele quando por la' passo 'a sombra protectora dos crescidos pinheiros que o vi plantar e cuidar.
Houve ainda uma vez que com ele falei. Estava pendurado numa escada colocada de forma  perigosa no terreno inclinado e ajudei-o, segurando-a.
Estava a serrar os velhos ramos das árvores, limpeza que a junta de freguesia tinha obrigação de fazer, mas não o fazia. 
Tinha esse amor antigo.
Das suas mãos curtas e largas, velhas e calejadas as sementes plantadas germinaram e com o passar dos anos nesse jardim urbano uma pequena floresta cresceu.
Poderia a força já não ser muita, mas por entre os dedos criou um pequeno mundo isento de medos.
Hoje vejo lá as rolas a procriar. 

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